O Dragão e a Princesa
IX capítulo - Uma aldeia feliz
Até que a voz do Pedro começou a chegar à Princesa. E ela começou a abrir os olhos. E a saudade começou a desaparecer. E o rosto da Princesa iluminou-se de felicidade. É verdade, a amizade pode iluminar-nos o rosto de felicidade. A Princesa acabava de ver o seu amigo. E estava feliz.
Adeus tristeza! Adeus saudade! A Princesa estava outra vez cheia de saúde.
Nesta altura já estava toda a gente aos abraços. O Peixeiro com o talhante (e eles nem se davam muito bem) os jogadores de cartas de jogar com as senhoras dos mexericos (que também não se davam muito bem, porque os mexericos delas eram principalmente sobre eles), o polícia com o ladrão (que agora estava arrependido, pedia desculpa, devolvia a galinha e prometia sinceramente não roubar mais nada a ninguém), o sapateiro com o agricultor, o Dragão com o Pedro e a Princesa, o carteiro com…
ora, ora! O carteiro não tinha ninguém para abraçar! Então, porque não podia ficar sem um abraço num momento tão especial, foi abraçar o médico. E depois de um grande abraço que deixou o Dr. tão espantado que até se enganou a ajeitar o estetoscópio e pôs as esferazinhas na boca e no nariz em vez de ser nos ouvidos, perguntou o carteiro:
— Então Sr. Dr., onde é que o Sr. andava? Perdeu um momento e peras!
E precisava: Porque tinham todos muito má pontaria e estavam todos muito assustados, não acertaram só no Dragão: o agricultor acertou com as couves no olho do sapateiro que acertou com o sapato na perna do peixeiro que acertou com o peixe no nariz do talhante que acertou com o peru no braço do carteiro que acertou com as cartas nas mãos do polícia, que acertou com o apito na testa do ladrão que acertou com a galinha… já viste o que aconteceu: acertaram todos com tudo em toda a gente.
Resultado? A Princesa já estava curada, mas o médico foi mesmo muito preciso. E passando-se esta escaramuça à hora de almoço, foi preciso esperar até ao jantar para o Sr. Dr. conseguir finalmente pôr pensos e ligaduras e remendos em toda a gente!