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O Dragão e a Princesa

VI capítulo - A amizade

Era o Dragão, claro! E, com uma voz tão zangada que mais parecia um rugido, perguntou: 

— QUEM ÉS TU?! QUE FAZES AQUI? QUE QUERES À PRINCESA? 

O menino ficou mesmo muito assustado. O caso é que, acabado de acordar da sua sesta, ainda cheio de sono, o dragão decidira espreguiçar-se e ver a vista à torre do castelo.

Ao perceber que outra pessoa estava com a Princesa, o Dragão ficou tão assustado, achando que alguém lhe iria fazer mal, que bateu logo as asas e, sem sequer se preocupar em usar as escadas, voou imediatamente da torre do castelo para junto deles. 

— ENTÃO, RESPONDE! — repetiu o Dragão mesmo muito zangado. — QUEM ÉS TU? QUE ESTÁS AQUI A FAZER?

Mas a verdade é que a Princesa estava agora mesmo muito, muito triste. 

— Não te disse que não falasses com ninguém da aldeia?— perguntou-lhe o Dragão, ofendido e zangado, — Não te pedi? Não te avisei? 

— Ele é um bom menino! – respondeu a menina, com lágrimas nos olhos, — Porque não me deixas ter amigos?

Estava tão triste, tão triste e tão zangada com o Dragão, que ele, que gostava tanto dela, mesmo estando tão ofendido e também ele tão zangado, mesmo tendo medo que lhe fizessem mal, não foi capaz de a deixar naquela tristeza. 

Então, voou o mais depressa que pode pela encosta abaixo atrás do menino, tentando alcançá-lo antes que ele chegasse à sua aldeia.

Bateu as asas, bateu as asas, voou, voou, e lá estava o Pedro, com a língua de fora, a correr tão depressa quanto o deixavam as pernas, tentando chegar a casa. Quando uma vez mais viu cair sobre si uma grande sombra, que já sabia agora ser do enorme Dragão, ficou tão assustado que tropeçou num pé, depois no outro, deu um trambolhão e tambalão!, timbalim!, tombalão!, lá foi ele a rebolar pelo monte. Teve de ser o Dragão a pará-lo!

O Pedro prometeu, por todas as borboletas, que não fazia mal à Princesa, nem na ponta de um cabelo!, e ficou combinado que a partir do dia seguinte podia encontrar-se com a menina e brincar com ela. E a Princesa, quando soube o que o Dragão tinha feito, ficou tão feliz que nem sabia como lhe agradecer.

 Mas o que é bonito na amizade é que, para agradecer a um amigo pelo bem que nos faz, basta dar-lhe um abraço. E a Princesa abraçou o Dragão com um abraço tão forte quanto lhe permitiram os seus pequenos bracinhos: os braços da princesa eram exatamente iguais aos teus.

Se agora quiseres interromper esta história para dares um abraço ao teu melhor amigo, é uma boa altura: vais ver que vais sentir-te bem.

 

O Dragão sentiu-se a pessoa mais feliz do mundo.

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